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A importância da gestão de dados na suinocultura – Parte 2

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Gestão da Informação

O que fazer com as análises coletadas durante o primeiro processo da gestão da informação?

Acompanhe a segunda parte do especial sobre: “A importância da gestão de dados na suinocultura”, que segue com o propósito de colocar em prática as informações provenientes das análises coletadas durante a definição das metas.

 Análise de informações e tomada de decisões

A análise das informações coletadas e armazenadas têm por objetivos: identificar problemas de perda de desempenho ou desperdícios produtivos que estejam impedindo o atendimento das metas; estabelecer correlações de causa e efeito que auxiliem na solução desses problemas e desperdícios; verificar o impacto produtivo decorrente de determinadas tomadas de decisão como alterações de manejo, mediante comparação de período posterior e anterior a elas; auxiliar no estabelecimento das próprias metas produtivas através das evoluções conquistadas e de processos de benchmarking. Todos esses objetivos cumprem, no final, a função de orientar a melhor decisão a ser tomada e o estabelecimento dos planos de ação. Para tanto, a análise deve ser sistêmica, considerando todos os fatores que podem contribuir para o resultado em questão.

Como exemplo, tomemos o caso de uma granja cuja meta de desmamados/fêmea/ano (DFA) seja de 30,60 leitões, mas o resultado corresponde a 26,61 DFA, a análise deve ser conduzida no sentido de isolar todos os fatores relacionados aos manejos reprodutivos e na maternidade, procedimentos e equipamentos que podem interferir nesse resultado, numa relação de causa e efeito, como mostrado no Diagrama de Ishikawa (Figura 1), também conhecido como “espinha de peixe”.

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Figura 1: Diagrama de Ishikawa para correlação do efeito e suas causas.

No caso deste exemplo, as principais causas identificadas para o baixo resultado de DFA são a alta taxa de repetição de cio e o alto índice de perda dos leitões na maternidade, tanto relacionada ao nascimento quanto às perdas durante a lactação, conforme pode ser verificado na Figura 2.

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Figura 2: Árvore de diagnóstico relativo à produção de desmamados/fêmea/ano (adaptado de Agriness, 2014).

Analisando especificamente a repetição de cio (Figura 3), nota-se que 42% dos retornos são regulares, até 22 dias de gestação, e 42% são irregulares, ocorrendo entre 23 a 40 dias de gestação. No mês de fevereiro, em que o número de fêmeas cobertas foi acima do alvo, mais fêmeas repetiram cio seguindo o mesmo comportamento e sugerindo, tanto problemas com o sêmen ou com os manejos de inseminação e detecção de cio, quanto a ocorrência de algum problema infeccioso durante o primeiro terço da gestação.

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Figura 3: Análise da repetição de cio, com ocorrência regular e irregular.

Na análise de mortalidade de leitões na maternidade, o alto índice de natimortos é uma consequência, pelo fato da granja não trabalhar com guarda noturno e não realizar indução dos partos, de modo que nem todos são acompanhados como deveriam, sendo a assistência ao parto deficiente. Com relação à mortalidade até o desmame, 54% das mortes ocorrem por esmagamento (Figura 4), e sabendo-se que 74% dos partos ocorrem às quintas-feiras (Figura 5), 75% das mortes ocorrem nos três primeiros dias de vida dos leitões (conforme pode ser verificado na Figura 6), também sugerindo assistência deficiente e manejo inadequado dos leitões durante a primeira semana de vida, principalmente com relação à mamada de colostro e ao fornecimento de aquecimento adequado e deficiência nas barras antiesmagadoras das gaiolas, permitindo que as fêmeas deitem muito rapidamente, esmagando os leitões.

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Figura 4: Causas de mortalidade relacionadas ao desmame.
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Figura 5: Ocorrência de partos de acordo com o dia da semana.
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Figura 6: Ocorrência diária de mortes relacionadas ao desmame.

Com as análises dos dados coletados e devidamente armazenados, informações preciosas são geradas para embasar as decisões que devem ser tomadas no sentido de corrigir os problemas e reduzir as perdas produtivas, colocando a granja no caminho do seu máximo potencial produtivo e da maior lucratividade. No caso deste exemplo, no que diz respeito aos índices reprodutivos, fica claro: a necessidade de maior atenção aos machos reprodutores, aos manejos de coleta e preparação de sêmen, inseminação e detecção de cio, ao programa de vacinação das fêmeas, à verificação da ocorrência de infecções geniturinárias e ao programa de medicação de choque para as fêmeas em gestação. Quanto aos resultados na maternidade, a implantação da indução dos partos para concentrá-los durante o dia, o treinamento da equipe para melhor acompanhamento dos partos e assistência aos leitões nos primeiros dias, bem como a revisão da condição das barras antiesmagadoras, são as ações que devem ser realizadas visando reduzir a mortalidade e aumentar o número de desmamados. Tomando apenas o exemplo da mortalidade de leitões relacionada ao desmame, se as ações propostas reduzirem as perdas de 14,86% para 10%, 0,61 leitões a mais serão desmamado, resultando em 11,37 leitões desmamados/parto e 28 leitões DFA, em comparação aos atuais 10,76 desmamados/parto e 26,61 DFA.

A gestão da informação nas granjas deve ser realizada periodicamente, com o objetivo de tomar a decisão correta no momento adequado. Não existe pior informação do que aquela que chega depois que a decisão já foi tomada – na maioria das vezes – de forma equivocada. Nesse sentido, o papel do gerente é fundamental na formação, treinamento, motivação, engajamento e liderança da equipe e na gestão da informação e do negócio. A informação deve ser constantemente compartilhada com os colaboradores, tanto no dia a dia, por meio de conversas ou da gestão visual dos resultados por setor e gerais, quanto nas reuniões semanais para análise e discussão dos resultados e ações para o cumprimento das metas. A excelência na gestão somente é alcançada com informações e pessoas trabalhando juntas: a informação certa, no momento adequado e para a pessoa correta.

Conclusão

Assim como em qualquer outra atividade empresarial, a suinocultura tecnificada deve buscar a excelência da gestão da informação, embasada em dados produtivos coletados, armazenados e analisados corretamente, de modo a gerar informações preciosas para o diagnóstico de problemas ou desperdícios que estejam em curso nos diversos setores da granja, e para determinar decisões e ações de correção, visando constantemente o aumento da produtividade, a maior lucratividade e a sustentabilidade do negócio.

É importante salientar que o fator humano é imprescindível para o processo de gestão da informação. As pessoas são responsáveis por toda a alimentação do sistema de gestão, de modo que as informações corretas dependem delas, assim como as análises, as decisões e a execução das ações. Portanto, é fundamental a orientação, o treinamento, o pertencimento, a motivação e o engajamento de toda a equipe envolvida no sistema produtivo, em busca de um mesmo propósito de resultado e crescimento.

Agroceres Multimix. Muito Mais que Nutrição.

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